quarta-feira, 24 de novembro de 2010

Resumo do texto Considerações sobre uma estética contemporânea


O texto nos traz uma reflexão a respeito do homem contemporâneo e a transição entre a modernidade e a pós- modernidade. Propõe que a estética pós- moderna pretende liberdade na execução de suas ideias sem apego a regras ou modelos, o que era uma prática modernista; transformando e reinventando antigos conceitos estéticos em novas possibilidades.
O mundo pós- moderno transformou o homem racional em um ser complexo e de múltiplas atuações. E tal multiplicidade o mantem próximo aos signos que sempre o fez perceber suas indagações, conectando-o com o imaginário.


O imaginário sempre encontrou consentimento e estreitou relação com a estética quando o destino é o processo criativo, assim como o estímulo para a fantasia.
Com relação ao Belo, Kant fala que ele busca distinção na faculdade da imaginação e não na faculdade de cognição, apenas uma imaginação orientada pelo entendimento. É percebida uma comunhão entre estético e subjetividade quando refletimos sobre os juízos de gosto ou do prazer.

A elaboração da modernidade que permeou a vida desse homem pós-moderno, teve um contribuição forte das mídias. Diversos estilos visuais são oferecidos a toda hora, os novos e os antigos, estabelecendo uma identificação imediata com esse espectador havido por novidade e por diversas vezes vítima desse avanço tecnológico tão presente no cotidiano. A comunicação variada, o universo virtual, o excesso de imagens reais e imaginárias produzidas a todo instante pelas indústrias publicitárias e cinematográficas que interage a todo instante com esse ser contemporâneo. Tudo com o consentimento geral e com a inclusão às tendências contemporâneas.



Desfile Ronaldo Fraga - São Francisco SPFW - Verão 09

Análise do Desfile de Ronaldo Fraga sob os aspectos da Teoria Kantiana da Beleza




JUÍZO DO CONHECIMENTO
(Conceito, validez geral)

Quando garoto Ronaldo Fraga ouvia do pai, que costumava pescar em Pirapora, histórias sobre o Rio São Francisco e decidiu “usar” como desculpa a elaboração da nova coleção para ler e estudar mais sobre o rio que povoava suas lembranças e aguçava sua curiosidade. E assim surgiu a mais emblemática coleção da sua carreira, a primavera verão 2009.

Apaixonado e intenso, o estilista viajou literalmente pela água do Velho Chico. Em dois meses de viagem pelas cidades ribeirinhas, Ronaldo conheceu a “alma” do único rio do seu porte que nasce e tem cem por cento do seu curso totalmente em terras brasileiras.
O Opará (nome dado pelos indígenas ao rio) cruza cinco estados brasileiros carregando em seu percurso lendas, histórias e profecias, assim como uma infinidade de belas imagens e referencias que o design traz para a sua coleção. São marinheiros, mulheres-peixe, caboclos d’agua, cores, aromas, santos, carrancas, ex-votos. Linguagem de um rio que desperta paixões, encantamento, mistério e cobiça. O único rio que possui uma terceira margem, agora tem suas águas invadidas pelo mar, alterando fauna e flora. Conflitos são gerados por aqueles que desejam alterar seu curso e transpor suas águas.

Ronaldo Fraga acredita que moda é um ato político, pois ao vestir-se, o homem expressa ideias e comportamento. Nesta coleção Ronaldo faz mais do que política; revitaliza a cultura brasileira ao trazer pontos de bordados que estavam se perdendo na história. Além de usar o próprio bordado, ele ainda o imprime em estampas. Famílias da região assinam essa parte da coleção evidenciando um caráter único no modo de trabalhar do estilista; a humildade da coletividade. Ele não toma pra si toda a autoria das belas imagem e sensações que o desfile proporciona aos espectadores.

DENÚNCIA, ESTÉTICA E REFERÊNCIAS

Na passarela ver-se claramente a denúncia das alterações nas águas do Velho Chico. Seu maior problema, a salinização, é representado por bacias de alumínio cheias de sal em um cenário muito bem pensado por Clarissa Neves e Paulo Waisberg que também inseriram cordas ao fundo onde adentram as modelos. A trilha escolhida e editada pelo próprio Ronaldo, tem uma ambiência nordestina (região onde a maior parte do rio corre) com a voz de Tetê Spíndola e o som retirado do corpo do grupo Barbatuques. Referencias ao rio e ao seu universo, está presente nos sapatos peixe feito em parceria com a marca mineira Luiza Barcelos, nas bolsas de Rogério Lima e nos acessórios que remetem as salas de ex-votos das igrejas interioranas e escapulários gigantes, parceria do design com Marcelle Lawson - Smith. Divertidas viseiras confeccionadas com canudinhos pela design Rosângela Matana, sugere que se beba o rio, além de compor a beleza, assinada por Marcos Costa da Natura, que faz referencia a lenda do Caboclo d’agua, que não tem olhos. A estamparia é inspirada nas sobreposições das madeiras coloridas dos barcos e das casas. Os sacos de juta e as embalagens de especiarias também estão presentes nas estampadas executadas pela Sete Estamparia. O bloco de jeans é o ponto alto da coleção, construído com vários elementos relacionados às águas do misterioso rio.


JUÍZO DO GOSTO


JUIZO DO AGRADÁVEL
(Sensação, reação puramente pessoal do sujeito, ausência de validade geral)

Um desfile de moda é acima de tudo a tradução das ideias e das referencias estéticas de um criador, neste caso Ronaldo Fraga. Que traz em sua trajetória profissional traços acentuados do seu olhar afiado e pessoal da vida ao seu redor, capaz de captar sentimentos e nuances. Na coleção dedicada ao Rio São Francisco, percebe-se, sobretudo o amadurecimento do autor ao produzir peças com grande apelo conceitual, cobertas de informações, mas sem perder o caráter comercial; peças com forte apelo cultural sem deixar de ser contemporâneo. Uma brasilidade tão latente que proporciona ao espectador a experiência de se ver naquele enredo, causando uma sensação de agradável conforto e familiaridade. Fazendo da experiência de assisti-lo, uma experiência particular, pessoal e única!
A recorrente escolha por temas focados no Brasil aproxima Ronaldo Fraga do seu público e evidencia uma afinidade entre eles. O que também fica obvio nas escolhas do estilista é a sua obstinada busca por cultura e informação e os resultados são compartilhados de bom grado com seu consumidor, que identifica facilmente esse valor agregado no consumo de seus produtos carregados de conceitos, discurso e informação.


JUÍZO ESTÉTICO
(Sensação agradável, ausência de conceito, mas validação universal)

A cada coleção Ronaldo Fraga se debruça profundamente sobre o tema apresentado. Tamanha dedicação se traduz em um belíssimo espetáculo com características bem evidentes de uma experiência cultural intima. No caso do desfile apresentado, o estilista leva para o palco um assunto em pauta na época se juntando a uma discussão de interesse popular, mas sem deixar de lado a moda, objetivo principal do espetáculo. Apesar do tema político, ver-se uma passarela colorida e peças muito bem construídas. Todas essas características apresentadas conferem as coleções do design o caráter de obra. Ideias tão bem elaboradas e carregadas de conhecimento respaldam o discurso e todo objeto gerado a partir dele. Sendo assim a experiência cultural – educativa proporcionada pelo estilista através do desfile, certamente provoca sensações particulares em cada de seus espectadores, mas a identificação com a sua própria cultura faz desta experiência um consenso.

PARADOXO DA TEORIA KANTIANA

PRIMEIRO PARADOXO KANTIANO SOBRE A BELEZA


O trabalho iconográfico de Ronaldo Fraga corresponde ao juízo de conhecimento, mas o esmero que dedica ao produto final, o desfile como um todo, inteiro e o veículo usado para expor esse resultado; faz relação ao juízo sobre o agradável, quando Kant fala que ao propor tal experiência estética o sujeito procura validar as sensações com uma aceitação geral.

SEGUNDO PARADOXO KANTIANO SOBRE A BELEZA

A subjetividade presente nas sensações adquiridas através das experiências estéticas encontra auxilio na contextualização inconsciente. Se levarmos em conta que Ronaldo Fraga possui 32 coleções apresentadas em passarelas do porte do Phytoervas Fashion e São Paulo Fashioweek e que as suas últimas coleções geraram subprodutos culturais com o mesmo nível de aceitação de suas roupas, a validação de novas propostas estéticas é mais facilmente apreendida por seu espectador.
O sentimento estético despertado nesse momento do segundo paradoxo pode ser carregado de imaginação e sensibilidade, mas distante de ser intuitivo.



TERCEIRO PARADOXO KANTIANO SOBRE A BELEZA

Analisando as sensações percebidas diante do desfile de Ronaldo Fraga, é pertinente dizer que não passamos impune diante de algo que nos “enche” os olhos e alma. Dependendo de quão arrebatadora é a emoção provocada por tal experiência; é proporcional o desejo físico de adquiri-la. Seja em forma de roupas, produtos ou simplesmente uma fotografia. Ou ainda o simplesmente prazer da contemplação, de se perceber cumplice de um olhar apurado e criativo. Sem interesse material, apenas o desfrute do encantamento.


QUARTO PARADOXO KANTIANO SOBRE A BELEZA

Ronaldo Fraga tem em seu trajeto profissional uma característica muito evidente. Suas coleções não tem um único objetivo. Ele próprio fala que a sua criação tem que agregar história, lembranças e humor. Suas construções criativas certamente não são vazias. Vai além do puro ato de cria e fabricar peças de vestuário. Entendemos que o design tem um objetivo maior e que é atendido no transcorrer do trabalho executado. O fim que destina ao tema escolhido tem caráter de denúncia e apresentação. A denúncia está presente no cenário que mostra de forma clara que algo está acontecendo de errado com um patrimônio nacional. E através das roupas e acessórios o estilista nos apresenta um Brasil rico e plural, cumprindo a finalidade de simplesmente proporcionar um prazer contemplativo a quem assiste e degusta o seu espetáculo.

TRÊS GRAUS DE FINALIDADE / GRATUIDADE PROPOSTOS POR KANT E A RELAÇÃO COM O DESFILE DE RONALDO FRAGA


Quando observamos o desfile do ponto de vista do seu criador absorvemos sua leitura pessoal e a mensagem que almeja transmitir. Esta experiência já nos é fornecida carregada de conceitos impossibilitando a pureza de sua contemplação. Um release fornecido pela produção do espetáculo nos prepara previamente para tudo que será observado interferindo diretamente na análise pessoal de cada espectador. Neste momento é claro o caráter de Beleza Aderente proposto por Kant. Mas se nos permitirmos apenas sentar e observar, sem prévia leitura, esse prazer é automaticamente alterado nos permitindo a liberdade da Beleza pura.
Um desfile é uma expressão figurada da compreensão do criador sobre o tema estudado. Uma manifestação iconográfica. Talvez uma marca forte nos trabalhos de Ronaldo Fraga. Mas um espetáculo como este apresentado para o verão de 2009 traz também uma abstração presente nos sentimentos e emoções que inspiraram o criador. Lembranças e saudade do pai, admiração pelo povo ribeirinho, indignação diante da ganancia e muitos outros implícitos na atmosfera do palco criado.
Todos esses elementos percebidos diante da construção do desfile, desde escolha do tema até a execução das ideias através de aparatos com luz e som, amplia as possibilidade de apreensão de sensações e experiências prazerosas ou não.


CONCLUSÃO

É claro que não somos ingênuos ao ponto de afirmar que é fundamental o conhecimento do pensamento Kantiano para a elaboração de um espetáculo de moda ou cultural. Mas é legítimo afirmar que tomar ciência deste pensamento é engrandecedor e facilitador de elaboração de pensamentos sofisticados e uma melhor compreensão dos elementos de erudição presentes em construções artísticas. Sejam elas intuitivas e inspiradas ou profundamente estudadas. Observar o desfile de Ronaldo Fraga à luz do pensamento de Kant foi sem dúvida um prazeroso exercício de desapego dos clichês presentes nas críticas formais do jornalismo de moda. Abandonar visões preestabelecidas e entregar-se a novas possibilidades de observação foi no mínimo uma sensação Kantiana do prazer desinteressado.

Referências Bibliográficas:

SUASSUNA, Ariano. Iniciação à Estética. Rio de Janeiro: José Olimpyo, 2004.

FRAGA, Ronaldo - SÃO FRANCISCO NAVEGADO POR RONALDO FRAGA. Disponível em: http://saofranciscoronaldofraga.com.br/ Acesso em: 10 nov. 2010.

FRAGA, Ronaldo - Disponível em: http://www.ronaldofraga.com.br Acesso em: 10 nov. 2010.

Análise do Croqui " Rainhas do Egito" 2009



O croqui apresentado foi elaborado para NP1 da disciplina de Indumentária da professora Maya Marx no 1º período. O trabalho proposto foi a criação de uma pequena coleção composta por três croquis com base na matriz conceitual e tema escolhido dentre os período históricos apresentados em sala de aula.
A inspiração foi fundamentada no antigo Egito e o foco no mistério, fascínio e desejo de dominação das tres maiores expressões femininas daquele período: Nefertiti, Hatshepsut e Cleópatra.


SOBRE O TEMA ESCOLHIDO




As três rainhas marcaram a história antiga com sua saga de poder,domínio e mistério. Deixaram sua marca associada não apenas a liderança e carisma, mas principalmente ao estilo e personalidade. E essa é a principal proposta desta coleção; uma roupa que traduz a personalidade e o estilo próprio da mulher contemporânea, ativa e sofisticada.
O resultado é uma roupa estruturada com a silueta próxima ao corpo e com volume na medida. Plissados planejados que fazem referencia ao Egito antigo. Peças contruídas em tecidos naturais como o linho puro, a cambraia e o algodão orgânico. As cores escolhidas vão do pérola ao coral.

Os tecidos de fibras naturais privilegiam a estação da temporada: o verão.


SOBRE O CROQUI ANALISADO



O croqui escolhido reproduz o conceito e traduz o tema escolhido sem ser literal.
Trata-se de uma saia em linho puro, plissada que remete a indumentária do período histórico a que se refere; e um colete ajustado ao corpo para imprimir um ar de sensualidade discreta presente nas rainhas egípcias. O material e a cor escolhidos também fazem alusão ao tema.


CROQUI ANALISADO SOB A LUZ DE KANT



Dos filósofos estudados no terceiro período do nosso curso, acredito que Kant é o que nos permite uma maior coerência e flexibilidade de análise. Falo do ponto de vista do criador e do analista, pois esta é a situação aqui apresentada. Analiso o meu próprio trabalho.
No quarto paradoxo, Kant nos fala de finalidade e fim. O que cabe bem nesta análise, afinal apresento um desenho que representa algo que servirá para alguém do ponto de vista prático ou emocional. Assim compreendo a elaboração e o resultado do produto artístico ligado a moda.















terça-feira, 23 de novembro de 2010

RESUMO - capítulo 8 - Teoria Hegeliana da Beleza







Ariano Suassuna afirma em Iniciação à estética que Helgel foi o maior pensador idealista alemão do século XIX. O pensador dedicou boa parte de seus estudos a sistematização e aprofundamento do pensamento de Schelling. Ele fala à luz da filosofia de Schelling que "A beleza se define como manifestação sensível das idéias".


O penasamento de ambos se cruzam em alguns momentos. Segundo Helgel, " a unidade da Idéia e da aparência individual é a essência da Beleza e de sua produçaõ na arte." Algo semelhante ao que afirma Schelling sobre o Infinito e Absoluto."o Infinito representado através do finito" ou "a idéia representada através do sensível."


Sobre Beleza e Verdade, Helgel afasta-se de Platão e Schilling e distingue claramente Beleza da Verdade. Ele fala: "A verdade é a Ideia enquanto considerada e si mesma, em seu pricípiogeral e pensada como tal." E "a Beleza se define como a manifestaçãosensível da Ideia"


Helgel se opões a visão Kantianada Beleza como algo de natureza não conceitual. Racional, não aceita a Beleza como algo sem conceito.


Sobre Idéia e Ideal, Hegel fala que Idéia pura,isolada é a verdade em si. O Ideal é a representação estética,concreta e exteriorizada. Já sobre Liberdade e Necessidade, ele aproxima-se de Schelling, mas de forma mais precisa, uma marca de Helgel.
A Liberdade é o que há de mais elevado na subjetividade do ser, é a modalidade suprema do Espírito. Em sentido contrário está o aprisionamento da objetividade que encontramos na necessidade.

Para Hegel é fundamental a procura do Absolutismo pelo homem, e o caminho para tal é Arte, Reliçião e Filosofia, etapas fudamentais para essa busca. Sendo assim, a Arte é a espiritualização do sensível; a Religião é a apreensão daquilo que a arte nos oferece como objeto exterior e a Filosofia é a síntese das etapas anteriores. É a união da Arte e religião na Filosofia.

Ao contrário do gregos quando pautados pela religião, Hegel acredita que a tragédia depende da vontade muito mais que da fatalidade. Tal afirmação vem de encontro com a afirmação de Aristóteles quando ele afirma que infortúnios, aniquilamento, má-fortuna decorre sempre da escolha que se faz.